Sobre fazer junto, ou dos coletivismos

É chover no molhado dizer que fazer em grupo é bem mais fácil do que fazer sozinho. É?

A famosa máxima punk Do it yourself foi substituída pelo Do it together por boa parte dos idealistas do final dos anos 70, ainda que seja um modelo de negócio independente, por assim dizer.

O lema punk DIY trouxe a necessidade de fazermos por conta própria, sem ficar esperando a banda passar. Essa atualização, o DIT, leva em consideração um tempo em que já não há utopias coletivas, as que levaram ativistas para as ruas até o final do século XX.

Mas este é um tempo de redes, sejam sociais, ou não. Vejo a experiência bem sucedida de alguns grupos, mesmo que não goste deles, como em Goiânia e Cuiabá (é certo que o trabalho coletivo no universo capitalista acaba por ser tornar um negócio, muitas vezes). O princípio é simples, pessoas que têm interesses parecidos se unem para conseguir concretizar seu trabalho. Funciona.

Apesar disso, tenho experimentado em muitos ambientes o trabalho coletivo de mentira, o que finge que é todo mundo junto, mas na verdade é cada um fazendo por si mesmo, para ser famoso e aparecer no jornal. Não funciona.

Para ler:

Experiências conhecidas


Comentários

Anônimo disse…
No caso do trabalho artístico, o q me irrita nos coletivos é que eles - pelo menos todos os que conheci, uns 10 - não conseguem manter uma reflexão efetiva sobre o fazer artístico, não conseguem transformar a congregação de trabalhos em congregação de olhares: têm mais a função pragmática de facilitar a viabilidade. Isso é bem útil, mas tem pouco a ver com o que esses grupos em geral pregam: a coesão ou a convergência de percepções, base das escolas artísticas e dos movimentos culturais. Concordo com você que os coletivos (como as cooperativas trabalhistas, em geral) são apenas mais uma forma de se produzir dentro do capitalismo, nada além disso. Não repudio (compreendo o interesse de juntar a fome com a vontade de comer - procuro fazer isso também), mas atribuir a isso algo como potencial revolucionário ou vanguardista é um pouco demais.

Adriano.
Roberta AR disse…
A busca pela adequação estética, que é oca e, pior, com autores que nem entendem o que há de ideológico nos próprios trabalhos, porque, afinal de contas, isso é coisa de intelectual chato. É isso que tenho visto nos trabalhos que estão a minha volta.
O resultado é a reprodução da ideologia vigente, que é misógina, homofóbica, anti-periferia.
E vanguarda, parece, é usar a tecnologia da moda da última semana. Busca por reconhecimento, fama e glória, definitivamente não é fazer revolução.
Anônimo disse…
Exatamente: gente com muitas certezas, poucas dúvidas, pouca pesquisa, gente que repete, segundo as tendências da tecnologia; gente que, no fundo, reproduz visões, e cria muito pouco.

Adriano.

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