Publicidades
Sempre tive horror à publicidade. No início, pelo purismo ideológico de esquerda, dos meus tempos ativistas. Anti-imperialista e anti-consumista era o princípio.
Depois do fim da ingenuidade, a publicidade já não é somente um monstro a combater, como na faculdade de comunicação em que jornalistas se sentiam mais donos da verdade do que os publicitários, não são, hoje estão todos no mesmo saco, vendendo produtos/teses/pessoas de acordo com a vontade de seus patrões.
Qualquer pessoa com o mínimo de senso crítico não compra nada baseado na propaganda apenas. Tem algumas muito bem feitas, muitas delas são tão boas que eu nem sei qual é o produto que está sendo vendido, agora tem umas...
Vi hoje alguém comentando sobre a Bárbara Blade, uma "heroína" urbana, mas vestida a la Indiana Jones e que enfia o sovaco na cara das pessoas, isso para me convencer que o desodorante que ela vende é bom.
Tem também o cara surpreso porque o dentista dele avisou que existem "doze" problemas bucais. Doze? Como assim? O cara diz na TV que só sabia de cárie e mal hálito, fala sério! Na minha boca não, sempre teve muito mais que isso.
E a casa do Pedrinho? O menino insiste com a mãe que não faz número dois em casa porque na casa do Pedrinho tem o que mesmo?
Fiquei por enquanto só na toalete. Mas o que me espanta mesmo é propaganda de carro.
Se você for diferente "como eu", deve dirigir "o mesmo carro que eu". Daí eu fico igual. Mas não era para ser diferente?
E os carros que gastam mais gasolina só fazem propaganda na floresta, será que é para levar a poluição para lá?
E o carro que não tem cara de tiozão que tem a maior cara de tiozão?
Poderia citar mais alguns exemplos, mas acho que já disse o que queria. Para encerrar as citações eu lembro aquela propaganda em que um cara diz que "tem algo no meu bolso". Até hoje não sei do que se trata, morro de rir com o argumento sempre. Eu sou menina e fui adolescente, esse sempre foi um golpe manjado de carinha que quer que você pegue na ereção dele (baixo, mas é isso mesmo). Como é possível eu levar a sério uma propaganda dessas? Será que motiva alguém a comprar o produto? Ou estou sendo ingênua?
É certo que senso crítico já não é mais senso comum. Nossa educação é técnicista e torna todos especialistas em algo que não se sabe como se encaixa com outras coisas no mundo. Saber os pedaços não é saber o todo e isso é muito bem utilizado na eliminação dos críticos do status quo. Isso quer dizer que o que eu acho ridículo nas propagandas, seus argumentos rasos elaborados por pessoas que também não têm lá seu senso crítico, devem mesmo influenciar pessoas e por isso permanecem tanto tempo no ar, para minha infelicidade.
“A publicidade está para as democracias como a violência está para as ditaduras” (Noam Chomski, em tradução livre)
Depois do fim da ingenuidade, a publicidade já não é somente um monstro a combater, como na faculdade de comunicação em que jornalistas se sentiam mais donos da verdade do que os publicitários, não são, hoje estão todos no mesmo saco, vendendo produtos/teses/pessoas de acordo com a vontade de seus patrões.
Qualquer pessoa com o mínimo de senso crítico não compra nada baseado na propaganda apenas. Tem algumas muito bem feitas, muitas delas são tão boas que eu nem sei qual é o produto que está sendo vendido, agora tem umas...
Vi hoje alguém comentando sobre a Bárbara Blade, uma "heroína" urbana, mas vestida a la Indiana Jones e que enfia o sovaco na cara das pessoas, isso para me convencer que o desodorante que ela vende é bom.
Tem também o cara surpreso porque o dentista dele avisou que existem "doze" problemas bucais. Doze? Como assim? O cara diz na TV que só sabia de cárie e mal hálito, fala sério! Na minha boca não, sempre teve muito mais que isso.
E a casa do Pedrinho? O menino insiste com a mãe que não faz número dois em casa porque na casa do Pedrinho tem o que mesmo?
Fiquei por enquanto só na toalete. Mas o que me espanta mesmo é propaganda de carro.
Se você for diferente "como eu", deve dirigir "o mesmo carro que eu". Daí eu fico igual. Mas não era para ser diferente?
E os carros que gastam mais gasolina só fazem propaganda na floresta, será que é para levar a poluição para lá?
E o carro que não tem cara de tiozão que tem a maior cara de tiozão?
Poderia citar mais alguns exemplos, mas acho que já disse o que queria. Para encerrar as citações eu lembro aquela propaganda em que um cara diz que "tem algo no meu bolso". Até hoje não sei do que se trata, morro de rir com o argumento sempre. Eu sou menina e fui adolescente, esse sempre foi um golpe manjado de carinha que quer que você pegue na ereção dele (baixo, mas é isso mesmo). Como é possível eu levar a sério uma propaganda dessas? Será que motiva alguém a comprar o produto? Ou estou sendo ingênua?
É certo que senso crítico já não é mais senso comum. Nossa educação é técnicista e torna todos especialistas em algo que não se sabe como se encaixa com outras coisas no mundo. Saber os pedaços não é saber o todo e isso é muito bem utilizado na eliminação dos críticos do status quo. Isso quer dizer que o que eu acho ridículo nas propagandas, seus argumentos rasos elaborados por pessoas que também não têm lá seu senso crítico, devem mesmo influenciar pessoas e por isso permanecem tanto tempo no ar, para minha infelicidade.
“A publicidade está para as democracias como a violência está para as ditaduras” (Noam Chomski, em tradução livre)
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