Programada por ipês

Uma das principais mudanças comportamentais que sofri em Brasília foi a observação dos fenômenos climáticos. Dessas coisas que quem nasceu e viveu a maior parte da vida na cidade grande jamais achou que ia fazer.
Cheguei na cidade no fim da seca, no período das cigarras. Demorei um ano para descobrir de onde vinha aquele ruído que ecoava por toda a parte. Mas foram os ipês que mais me impressionaram, e impressionam.
A melhor época do ano na cidade é o início da seca. Maio e junho. Quem quiser conhecer Brasília deve vir nessa época, que é fresca e ainda é verde e tem um cheirinho de serra no inverno. Sei que este período está para começar quando os primeiros ipês roxos e rosas ficam carregadinhos pelos caminhos. Lindos, combinam direitinho com o início do inverno.
Daí a seca se aprofunda e o mau humor se prolifera e o mau estar se instala. Fico um tanto (mais) anti-social nesta época do ano. Os cerca de 12% de umidade não são brincadeira de viver. Enjôo, tontura, dificuldade para respirar.
Mas a esperança chega vestida de amarelo. Quando os ipês amarelos desabrocham é o primeiro sinal de que a seca não demora para acabar. As ruas estão repletas deles por onde ando. Eles alegram meu dia com a esperança de breves tempos mais úmidos.
Falta só a chegada do coro de cigarras e chuva. Não vejo a hora.


os ipês amarelos estão entre árvores secas


na beira do eixinho



com apenas um buquezinho de flores


na beira do eixão


no setor bancário


nas passarelas, à noite

Comentários

Anônimo disse…
esse buquezinho solitário é o mais bacanudo de todos. ;D

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