Calma aí
Lidar com as frustrações é tarefa cotidiana. A cada minuto algo que queríamos que acontecesse de certa maneira não vai acontecer e vai tomar seu próprio caminho. O lance é que as vezes esse outro rumo é o melhor.
Hoje, fiquei impressionada com o quanto me chamaram de pessoa zen, também falaram que sou calma, que sei lidar com coisas que irritariam qualquer um com até certa paciência. Imediamente comecei a me achar a louca que evita conflitos a qualquer custo, ou a pessoa que se submete ao grito alheio.
Especialmente hoje, estou bem irritada fisicamente. Efeito do antibiótico. Ontem discuti com o programador do site em que trabalho porque ele simplesmente não queria entender o erro de programação que eu tive que lidar o dia todo (no fim o problema foi resolvido). Hoje foi a vez de discutir com a loja que entregou meu pedido errado dia 2 e ainda não resolveu meu problema. Então, descartada a possibilidade de submissão.
Também me lembrei dos conflitos de todo o tipo que já precipitei. Então também descartada a primeira possibilidade.
Quando eu era criança, meu pai gostava de sempre contar uma história: o pai pede para o filho pular de um lugar alto nos braços dele, quando o filho pula, ele se afasta e o menino se estabaca no chão. 'Nunca confie em ninguém' é a moral da história. Nunca confiei no meu pai, isso me deixou bem insegura e isso é uma coisa difícil de enfrentar no cotidiano. Tem dias que vem aquela sensação de abandono de novo...
Frustração. Fui exposta a essa sensação de perda desde muito cedo. Daí minha mãe vinha e dizia que eu tinha que me acostumar porque o mundo é assim. Agora eu sei que muito do que eu perdi e que fui impedida de viver foi apenas por maldade, que não tinha nada de educativo.
Entender essas coisas me fizeram lidar com as frustrações cotidianas como processos inevitáveis e muito suaves perto do que realmente não pode ser frustrado. Uma entrega que não se resolve, um equipamento que quebra, uma roupa que rasga, o trânsito na hora inesperada por causa de um acidente, isso faz parte e bom humor ajuda a resolver ou passar o momento de um jeito mais simples.
Grande parte das coisas (projetos?) que me propus a fazer com outras pessoas, muitas delas muito importantes para mim e com as quais gastei muita energia, deram errado de um jeito bombástico. Pisadas de bola de todo o tipo já me aconteceram. Primeiro a dor de algo que eu queria muito que tivesse dado certo ir pelo ralo. Mas depois eu percebi o quanto essas coisas que eu queria eram, cada uma delas, a pior escolha que eu poderia ter feito naquele momento.
Agora nada disso pode ser comparado à frustração de direitos negados, da opressão coletiva contra grupos considerados "inadequados", da violência por ser diferente, mulher, ou o que quer que seja. Contra isso, toda indignação é necessária e é preciso estar sempre alerta. Foi por isso que achei estranho me chamarem de calminha hoje, porque sempre sou veemente ao extremo ao me doer com as opressões do mundo que frustram expectativas todos os dias.
Hoje, fiquei impressionada com o quanto me chamaram de pessoa zen, também falaram que sou calma, que sei lidar com coisas que irritariam qualquer um com até certa paciência. Imediamente comecei a me achar a louca que evita conflitos a qualquer custo, ou a pessoa que se submete ao grito alheio.
Especialmente hoje, estou bem irritada fisicamente. Efeito do antibiótico. Ontem discuti com o programador do site em que trabalho porque ele simplesmente não queria entender o erro de programação que eu tive que lidar o dia todo (no fim o problema foi resolvido). Hoje foi a vez de discutir com a loja que entregou meu pedido errado dia 2 e ainda não resolveu meu problema. Então, descartada a possibilidade de submissão.
Também me lembrei dos conflitos de todo o tipo que já precipitei. Então também descartada a primeira possibilidade.
Quando eu era criança, meu pai gostava de sempre contar uma história: o pai pede para o filho pular de um lugar alto nos braços dele, quando o filho pula, ele se afasta e o menino se estabaca no chão. 'Nunca confie em ninguém' é a moral da história. Nunca confiei no meu pai, isso me deixou bem insegura e isso é uma coisa difícil de enfrentar no cotidiano. Tem dias que vem aquela sensação de abandono de novo...
Frustração. Fui exposta a essa sensação de perda desde muito cedo. Daí minha mãe vinha e dizia que eu tinha que me acostumar porque o mundo é assim. Agora eu sei que muito do que eu perdi e que fui impedida de viver foi apenas por maldade, que não tinha nada de educativo.
Entender essas coisas me fizeram lidar com as frustrações cotidianas como processos inevitáveis e muito suaves perto do que realmente não pode ser frustrado. Uma entrega que não se resolve, um equipamento que quebra, uma roupa que rasga, o trânsito na hora inesperada por causa de um acidente, isso faz parte e bom humor ajuda a resolver ou passar o momento de um jeito mais simples.
Grande parte das coisas (projetos?) que me propus a fazer com outras pessoas, muitas delas muito importantes para mim e com as quais gastei muita energia, deram errado de um jeito bombástico. Pisadas de bola de todo o tipo já me aconteceram. Primeiro a dor de algo que eu queria muito que tivesse dado certo ir pelo ralo. Mas depois eu percebi o quanto essas coisas que eu queria eram, cada uma delas, a pior escolha que eu poderia ter feito naquele momento.
Agora nada disso pode ser comparado à frustração de direitos negados, da opressão coletiva contra grupos considerados "inadequados", da violência por ser diferente, mulher, ou o que quer que seja. Contra isso, toda indignação é necessária e é preciso estar sempre alerta. Foi por isso que achei estranho me chamarem de calminha hoje, porque sempre sou veemente ao extremo ao me doer com as opressões do mundo que frustram expectativas todos os dias.
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