Aqui não é o seu lugar
Brasília, como todas as grandes cidades (aqui é a quinta maior do país), tem um grande problema com a apropriação dos espaços públicos. A visão higienista da cidade, que tem que ser ampla, livre, limpa, construída de um jeito que dificulta locomoções à pé, evita o encontro de pessoas, ou, como disse Marshall Berman sobre a cidade, Brasília não possui espaços onde as pessoas colidem.
Não são muitas a festas públicas que reúnem pessoas das satélites na esplanada, geralmente duas por ano: ano novo e aniversário da cidade. Mas não tem um vez se quer em que a manchete do dia seguinte não seja "facada na esplanada". Esse ano não foi diferente.
E quem estava no evento, como eu, nem viu a briga que virou manchete. Não foi uma confusão generalizada e nem estava todo mundo correndo riscos sérios, como ficou parecendo quando ouvi a notícia de pessoas que não estavam lá. Eu apenas disse: nem vi.
É certo que sempre ocorre algum incidente neste tipo de evento, são muitas pessoas, muitas delas bem bêbadas. Mas o incidente específico que me contaram é de um grupo de neonazistas que vai em todas as festas em todo lugar para arrumar confusão. Alguma diferença dos pitboys que vão em evento de axé e sertanejo para arrumar briga? Não. Criam pânico para esses eventos fechados? Não. É preciso criar pânico em evento que reúne o "populacho", porque o povo da periferia tá pensando que é o quê para ocupar os espaços públicos? Eles trazem a feiura e a violência para destruir a "nossa" cidade, que não pertence aos que vivem fora dos bolsões de classe média e alta.
Um discurso que se repete num moto-contínuo e todo mundo acha normal. Um lixo dito mil vezes vira uma verdade. Mas não é. Precisamos lembrar mil vezes Castro Alves: "a praça é do povo, como o céu é do condor". Ou uma expressão muito popular na periferia: "a rua é noiz".
É certo que sempre ocorre algum incidente neste tipo de evento, são muitas pessoas, muitas delas bem bêbadas. Mas o incidente específico que me contaram é de um grupo de neonazistas que vai em todas as festas em todo lugar para arrumar confusão. Alguma diferença dos pitboys que vão em evento de axé e sertanejo para arrumar briga? Não. Criam pânico para esses eventos fechados? Não. É preciso criar pânico em evento que reúne o "populacho", porque o povo da periferia tá pensando que é o quê para ocupar os espaços públicos? Eles trazem a feiura e a violência para destruir a "nossa" cidade, que não pertence aos que vivem fora dos bolsões de classe média e alta.
Um discurso que se repete num moto-contínuo e todo mundo acha normal. Um lixo dito mil vezes vira uma verdade. Mas não é. Precisamos lembrar mil vezes Castro Alves: "a praça é do povo, como o céu é do condor". Ou uma expressão muito popular na periferia: "a rua é noiz".
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