Vadias?

Este blog está se tornando uma espécie de junção de recortes de pensamentos que passam por mim (ou que me consomem) ultimamente e isso tem se tornado sua linha editorial, que pode ser um tanto confusa, mas é reflexo de mim mesma, que não sou a pessoa mais conexa do mundo. Então vamos a mais um dos temas que passam pela minha cabeça:

Sábado foi dia da Marcha das Vadias em diversas cidades do Brasil (aqui em BSB também, mas tava com uma gripe que me imobilizou o dia todo). A Slut Walk surgiu no Canadá no início deste ano como reação a uma palestra de um policial que falou sobre segurança numa universidade e afirmou que as meninas não deveriam se vestir como vadias (sluts) se não quisessem ser alvo de estupro. Ideia recorrente essa de que a vítima é a culpada do crime (lembra do caso da Geisy, que, aliás, deu uma bela volta por cima?).

Sempre me assombrei com esta tese de que as mulheres têm que se dar o respeito. O respeito não é algo que se deve ter a qualquer um, independente do credo, orientação sexual, etnia, poder aquisitivo, etc? Por que alguém tem que se dar o respeito, o que isso quer dizer?

No que se refere às mulheres, isso tem muito a ver com o papel que se quer que elas tenham socialmente. Se dar o respeito é ocupar o estreito quadradinho que nos pertence e que muitas de nós acreditam que é o lugar em que devemos estar.

Todas nós, com certeza, colecionamos experiências que pretendiam nos encaixar nesse quadradinho. Alguns exemplos:

Não consigo entender como um conhecido do meu marido achou a coisa mais natural do mundo mandar eu calar a boca no meio de uma conversa. Assim mesmo: cala a boca.

Recentemente (menos de um ano é bem recente, né?), um outro conhecido chegou para mim numa festa e disse calmamente: "toda mulher gosta de apanhar, não é?". Calmamente eu respondi: "eu não". Diz aí o abuso.

Esse tipo de coisa não vem só de homens, é muito comum ouvir mulheres chamando outras de vadias por qualquer motivo, ainda mais quando elas se submetem ao padrãozinho. "Onde já se viu, se eu me submeto...".

Também nem só de héteros. Um conhecido gay me disse mais de uma vez que eu tenho inveja do pinto dele, porque eu não tenho um. Tenho certeza de que eu não tenho um milésimo ao quadrado de inveja do pinto dele do que ele a dele do meu batom.

Bem, respeito é bom e eu gosto. Então a questão não é mais eu me dar o respeito, mas exigi-lo. Pois é meu direito e de qualquer pessoa.


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