A tragédia da educação
Uma tragédia leva a outra. Parece que é assim mesmo que as coisas são. Convivemos diariamente com a tragédia da desigualdade, do descaso, do abandono e da humilhação.
A educação formal é uma das grandes perpetuadoras deste quadro. Por ser tecnicista e formar engulidores de decoreba e não seres pensantes, que reflitam sobre o que aprendem. Por ser fornecida por profissionais mal-remunerados e mal-formados e, por isso, desmotivados. E isso não é só na rede pública.
Nos meus tempos militantes, fiz um curso de oratória pelo núcleo treze de maio e uma das teses do instrutor é que nós não somos tímidos por natureza, mas que somos intimidados sistematicamente, principalmente os empobrecidos, e, por isso, somos acostumados a não falar. No nosso exercício, tínhamos que descobrir o que tinha nos causado mais dano e tentar superar numa dinâmica de grupo, para que nos tornassemos oradores mais seguros. Todos os que estavam na minha turma diagnosticaram problemas na escola: professores incompetentes que humilham os alunos, colegas que vitimizam colegas, e por aí vai.
Lembrei exatamente disso, quando alguém, ao relatar a tragédia de Realengo, falou que o atirador teria dito que "ia fazer uma palestra". Um louco, eu sei, mas que abalou ainda mais a frágil autoestima da educação nacional.
De acordo com André Forastieri, "o Rio de Janeiro tem a segunda pior educação do Brasil, atrás apenas do Piauí, embora o Rio seja o segundo Estado mais rico. É o resultado do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). As escolas públicas cariocas são fábricas de burros".
E o Brasil está 88º colocação no ranking mundial da educação, enquanto a Argentina está entre os 20 primeiros, só para dar um exemplo.
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Há braços!!