Sobre intolerância e diferença

Nesse período eleitoral ficou claro como ainda estamos longe (brasileiros? humanidade?) de saber lidar com a diferença, com o contrário. Pareceu, em grande parte do que vi de absurdo, que apenas o coro em uníssono faria com que o que dizia se convencesse do que dizia, deu para entender? Um tempo de convicções frágeis baseadas numa histeria de torcida violenta.

Vi esta semana um episódio da versão original de Life on Mars, a britânica, que trata da origem dos hooligans e me lembrou bem isso tudo. Afirmação do seu ponto de vista pela violência.

Agora, com o fim dos embates “políticos” começam os ataques xenófobos de um grupo de pessoas do sudeste contra os nordestinos, rebatido imediatamente contra paulistas e sulistas em geral. Xenofobia contra xenofobia, partindo, quase sempre, de grupos muito jovens. Triste, deplorável.

Um grupo extremista de São Paulo começa uma campanha sem sentido contra os nordestinos e, em troca, várias pessoas “conscientes” começam a atacar paulistas, num revanchismo sem sentido.

Sim, qualquer pessoa pode ser vítima da ignorância xenófoba, paulistas também, passei por isso no nordeste, com uma elitezinha insegura, e o mesmo já me aconteceu aqui, em Brasília. Aliás, já passei por isso até na minha cidade, porque sou filha de mineiros do polígono da seca, casada com um paraibano e nascida e criada em Parelheiros, um bairro que muita gente nem sabe que existe na capital paulista.

É o cara de um cercadinho botando a culpa dos problemas do mundo no cercadinho do lado. Isso parece ter origem na demarcação de território, na autoafirmação motivada por isso, naquilo que se convencionou chamar de pátria (que pode ser entendida até como o bairro onde você mora). E como diz Voltaire “quase sempre para ser bom patriota deva-se ser inimigo do resto dos homens”.

E parece ser esse o fruto de nosso progresso (mas ainda acredito que mais de um dizendo não a isso já é uma multidão pensando em como é bom ser diferente).

Extraí algumas citações e textos legais sobre isso e sobre liberdade de expressão (a esperança ainda não foi pelo ralo, senhores):

(update): Poema de Alberto Caeiro
Patriota? Não: só português.
Nasci português como nasci louro e de olhos azuis.
Se nasci para falar, tenho que falar-me.

Comentários

Postagens mais visitadas