A palavra tem vontade própria

Ainda muito pequena desenvolvi grande facilidade nas ciências exatas. Com praticamente nenhuma dificuldade na área, passei pelo primeiro grau. Aos dez anos, fui selecionada para a olimpíada estadual de matemática, na qual fiquei em nonagésimo nono lugar. Dois anos depois, fui selecionada novamente.
Ao terminar o segundo grau, prestei vestibular em biologia. Fui para a segunda fase da Fuvest duas vezes, na segunda fui aprovada na primeira chamada.
Longo preâmbulo para o que eu realmente queria dizer. Na escola, o que eu tinha de facilidade nas exatas, eu tinha de dificuldade em humanas. Nunca fui boa em redação.
Na quarta série, minha odiosa professora chegou a ler um de meus textos fazendo escárnio público com os meus colegas de classe. Naquele tempo não tinha estatuto da criança e do adolescente...
Na quinta série recebi dois zeros em redação (nem um ponto por ter entregue na data). E assim se seguiu até o segundo ano do ensino médio, o que já era o suficiente para eu desistir do assunto.
No terceiro ano, o penúltimo na escola, conheci a dona Dulcina, minha professora de português. Ela foi a primeira a me ensinar a escrever. O que poderia ter sido tarde demais, calhou perfeitamente com a minha fase militante, quando eu lia desesperadamente.
Foi nesse tempo que descobri como colocar em palavras o que penso e sinto. Ler os clássicos, literatura subversiva, filosofia, etc, foi parte importante nisso tudo, mas foi a dona Dulcina que me pegou pela mão e me disse que algo de interessante poderia surgir das palavras ditas por mim.
Ainda é uma grande surpresa diária para mim perceber que ganho a vida escrevendo. Não como autora, mas passando a ideia de outros, porém mesmo assim escrevendo.
É ainda mais surpreendente manter um blog que tem um publico pequeno, mas significativo. E ter participado de um concurso literário (já faz alguns anos) e ter sido finalista.
Fui escolhida por elas, por mais que tenha fugido das palavras.

Comentários

Gomez disse…
Um brinde a dona Dulcina!
ê. disse…
issa!
só rolou uma pequena dislexia na última palvara
=P
Roberta AR disse…
foi o embargo da emoção. hehe

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