Ser a velha louca não é mais possível
Teve um tempo que eu tentei planejar a vida.
Mas nasci mulher, favelada, filha de pai violento que não me queria estudando coisas que não fossem de mulher. Fiz curso técnico que não queria no ensino médio, porque era isso ou parar de estudar. Achei que, ainda assim, ia conseguir driblar o destino.
Passei num concurso público ainda bem nova, certa liberdade veio com isso e imaginei que teria estabilidade por bastante tempo. Passei no vestibular que eu mais queria, mas teria que largar o trabalho, que mantinha minha liberdade, para fazer um curso em período integral e no interior. Desisti da faculdade do sonho e fiz uma outra que era perto do trabalho, num curso que era o que tinha, mas acabei curtindo muito e se tornou a minha profissão (não escolhida).
Nesse tempo, eu tinha um namorado, o primeiro, que achei que era o amor da vida e fazíamos planos e. Acabou. A empresa que eu trabalhava foi vendida, entrei no PDV porque ficou insustentável trabalhar lá.
Depois disso, tentei trabalhar em algo que eu gostava muito. Fiz vários cursos, conheci várias pessoas. Me deixaram na mão. Não sou filha de gente famosa, não era influente, ninguém me quis como parceira.
Nesse momento, decidi que ia curtir a vida, já tava perto dos trinta. Beber, ir em festas, coisas que fazia, mas não era o mote da vida. Virei boêmia, notívaga. Até isso tudo perder o sentido e eu ficar presa na rotina da doideira, tudo vira rotina. Nunca mais arrumei um trabalho decente, com direitos e tal, mesmo trabalhando em alguns lugares legais, pros outros, pra mim, o subemprego.
Decidi que ia viver funcional o quanto conseguisse e ia me manter sozinha a vida toda, ter namorados e não filhos. Assim, poderia ficar tranquila com o fato de não ter trabalho decente, nem casa, provavelmente nem aposentadoria e poderia lidar mais em paz com o destino de ser uma velha louca e moradora de rua, porque parei de ver um destino diferente para mim, em certo ponto da vida.
A resignação toda trabalhada em destino inexorável foi interrompida por uma gravidez de cinco meses, agora, uma criança de cinco anos.
E pronto, o destino me driblou de novo, não o contrário. Ainda não refiz os planos, estou aqui vivendo um dia por vez, mas a velha louca moradora de rua já não parece algo tão tranquilo de ser o fim da vida. O mundo entra em surto agora e eu penso: como serei depois disso?
Mas nasci mulher, favelada, filha de pai violento que não me queria estudando coisas que não fossem de mulher. Fiz curso técnico que não queria no ensino médio, porque era isso ou parar de estudar. Achei que, ainda assim, ia conseguir driblar o destino.
Passei num concurso público ainda bem nova, certa liberdade veio com isso e imaginei que teria estabilidade por bastante tempo. Passei no vestibular que eu mais queria, mas teria que largar o trabalho, que mantinha minha liberdade, para fazer um curso em período integral e no interior. Desisti da faculdade do sonho e fiz uma outra que era perto do trabalho, num curso que era o que tinha, mas acabei curtindo muito e se tornou a minha profissão (não escolhida).
Nesse tempo, eu tinha um namorado, o primeiro, que achei que era o amor da vida e fazíamos planos e. Acabou. A empresa que eu trabalhava foi vendida, entrei no PDV porque ficou insustentável trabalhar lá.
Depois disso, tentei trabalhar em algo que eu gostava muito. Fiz vários cursos, conheci várias pessoas. Me deixaram na mão. Não sou filha de gente famosa, não era influente, ninguém me quis como parceira.
Nesse momento, decidi que ia curtir a vida, já tava perto dos trinta. Beber, ir em festas, coisas que fazia, mas não era o mote da vida. Virei boêmia, notívaga. Até isso tudo perder o sentido e eu ficar presa na rotina da doideira, tudo vira rotina. Nunca mais arrumei um trabalho decente, com direitos e tal, mesmo trabalhando em alguns lugares legais, pros outros, pra mim, o subemprego.
Decidi que ia viver funcional o quanto conseguisse e ia me manter sozinha a vida toda, ter namorados e não filhos. Assim, poderia ficar tranquila com o fato de não ter trabalho decente, nem casa, provavelmente nem aposentadoria e poderia lidar mais em paz com o destino de ser uma velha louca e moradora de rua, porque parei de ver um destino diferente para mim, em certo ponto da vida.
A resignação toda trabalhada em destino inexorável foi interrompida por uma gravidez de cinco meses, agora, uma criança de cinco anos.
E pronto, o destino me driblou de novo, não o contrário. Ainda não refiz os planos, estou aqui vivendo um dia por vez, mas a velha louca moradora de rua já não parece algo tão tranquilo de ser o fim da vida. O mundo entra em surto agora e eu penso: como serei depois disso?
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