Brincando tranquilamente

Perto da minha casa, numa área livre da quadra, tem uma família morando faz algum tempo. Um casal, mais um rapaz e uma criança de uns dois anos de idade.
Outro dia, passando pelo espaço onde eles ficam, fiquei observando de longe o pequeno brincando num canto. Uma criança com rostinho corado e superconcentrada no que estava fazendo, mexendo com um pau em alguma coisa. Ele se levantou e falou qualquer coisa com a mãe, que passou a mão na cabeça dele, voltou a se sentar no mesmo lugar e continuar brincando.
Fiquei pensando no que a gente convencionou de “vida normal”. Aquele menino estava alimentado, vestido, não estava com frio, não me pareceu doente, ou sujo, ou que sofra violência da família, pois estava brincando tranquilamente. Naquela idade, se não estiver sofrendo privação de coisas vitais, a vida caminha sem problemas, pois ele não tem referência do que seria “o normal”.
Daqui a pouco tempo ele vai entender que vive em situação de rua, coisa que é nítida no rosto abatido dos seus pais, mas por enquanto ele está lá, brincando no cantinho. Criança se adapta a qualquer situação, desde que se sinta segura. Isso sempre me impressiona.

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