Em busca de padrões

Quando dizem que precisamos nos dar valor, caso contrário o mundo não dará, nunca imaginei que isso poderia querer dizer valor monetário, literalmente.

Explicando: faz alguns anos que me envolvi com a chamada cena independente, que me trouxe algumas recompensas ótimas, mas também experiências bizarras. Três casos para ilustrar:

• Por minha própria iniciativa (não posso culpar ninguém), acabei assessorando um músico, como uma espécie de trabalho voluntário. Apesar de o cara não estar muito aí em fazer shows e coisas do gênero, fui atrás de algumas coisas até ver que não daria em nada. Algum tempo depois da minha desistência, o cara fala para eu comprar uma agenda exclusiva para os seus compromissos, como se eu fosse sua funcionária.

• Comecei a fazer entrevistas com músicos, em mais um trabalho colaborativo gratuito. Algumas coisas bem interessantes resultaram deste trabalho, mas o cara que recebia o material mal me informava quando seriam veiculadas as matérias, até chegar ao ponto de passar mais de seis meses sem responder minhas mensagens e eu descobrir que eu mandava material que não chegava meses depois de ter feito.

• A última experiência do gênero foram matérias para TV (de graça de novo), num esquema caseiro (me disseram que a proposta era esta), que pareciam ter certa urgência. Já faz mais de quatro meses que a primeira leva de material está pronta e ainda não recebi nenhuma resposta (usei os vídeos no Facada Leite-Moça).

É sempre o mesmo comportamento diante da minha disponibilidade. Independente do meu talento para a coisa, que eu sei que existe, é o fato de eu não me incomodar em fazer de graça que faz com que não deem valor ao que eu faço. Parece ser este o primeiro padrão.

Claro que está tudo bem simplificado aqui e há mais detalhes que podem revelar porque este tipo de parceria simplesmente não dá certo com algumas pessoas. A primeira resposta que eu dou a elas é começar a colocar preço no que faço. E buscar parceiros de verdade, não exploradores disfarçados.