No elevador
Trabalho no prédio mais alto de Brasília e no elevador sempre rolam conversas políticas, muitas delas discriminatórias contra minorias. Homofobia e misoginia são o forte da galera do elevador.
Meu comportamento é sempre fingir que não é comigo até ser abordada diretamente com um "não é?" inocente. Daí eu sempre digo: não é não.
Hoje o papo era sobre delegacias da mulher e a fúria feminina para bater em homens. Daí o cara virou para mim fazendo piadinhas. Segue o diálogo:
eu: Uma mulher morre a cada duas horas assassinadas por seus namorados ou maridos no Brasil.
ele: Mas isso é no nordeste.
eu: Aqui é dos lugares que mais mata, está no mapa da violência no país.
Daí o cara mudou de assunto e falou que ninguém liga pro dia do homem, que foi essa semana. E eu disse que o dia do homem foi criado como campanha de conscientização pro exame de próstata.
Ele desconversou e eu: "não desconversa não, não quer que comemore? Agora vai dizer que fazer esse exame é coisa de viado?"
Todo mundo começou a rir. Até ele.
E cheguei no meu andar.
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