Sozinhez

Fazer coisas sozinha sempre foi um grande prazer para mim. Um café num lugar diferente com um bolinho gostoso, cinema, até jantar e viajar. Me faz bem estar comigo, eu sou uma boa companhia para mim. Acho fundamental, sempre achei.

Já fui taxada de antissocial por isso não poucas vezes, mas o que eu realmente acho estranho é a incapacidade de ficar bem estando só. Estou falando aqui de momentos solitários, não de solidão como estilo de vida, que exclui todo o resto do mundo.

Mantive este hábito em todos os lugares em que morei, que, óbvio, começou em São Paulo. Tirei dois dias para fazer isso na minha cidade natal neste início de ano e experimentei a primeira sozinhez de 2013.

Estive em lugares em que nunca tinha ido, em lugares que fazia muito que não ia e em lugares que sempre vou quando estou por lá. Mas desta vez fiquei observando as pessoas e não as coisas, como sempre faço. E vi muita solidão.

É impressionante o número de pessoas falando sozinhas pelas ruas, o que não necessariamente significa solidão, a não ser que a pessoa acredite mesmo que alguém está ouvindo. Vi muita gente falando para um espectador imaginário sobre coisas de todo o tipo. A solidão beirando a insanidade e que acaba tornando as pessoas incapazes de se relacionar com outras.

Mas tem a solidão desesperada, também, que exala carência. Peguei o elevador no prédio do meu amigo, onde estava hospedada, e entrou um cara com mais ou menos a minha idade, bem apessoado, por assim dizer: “Calor, hein” “É, tá muito quente hoje” “Falta aquecer o coração”. Fiquei sem resposta para isso, ainda bem que tinha chegado no andar. Uma cantada bonitinha? Sei lá, mas o cara exalava carência.

Fiquei pensando nessa incapacidade de estar acompanhado, que deixa as pessoas assim, com um ar desesperado em volta. Podiam olhar pra dentro de si, tem sempre alguém tão legal ali, mesmo que ninguém mais concorde com isso.

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