Lembrando da Dr. Seng

Morei mais de um ano na rua Dr. Seng, no Bexiga. O apartamento era pertinho da Paulista, na altura do prédio da Gazeta, onde eu estudava (ah, a Cásper).
Esse foi um período que veio pouco antes de mudanças extremas na minha vida, materiais e imateriais. Mesmo sem saber, eu vivia com borboletas no estômago todo o tempo. Vivo um momento parecido hoje (mesmo sem saber o que...).
Foi nesse tempo, num domingo modorrento, que decidi ouvir um disco da Gal Costa que tinha acabado de comprar, o Fatal. Um registro ao vivo, daquele tempo que ela cantava nervosa e que eu adoro.
Hotel das Estrelas foi a música tema daquele dia, no repeat. "Olhar a cidade me acalma". Em pouco tempo um comichão me tomou. "Rio e também posso chorar".
Saio na rua a esmo. Rumo à Paulista, sempre. E na faixa de pedestre em frente à Casper dou de cara com Jards Macalé, o autor da minha trilha sonora angustiada. Tive vontade de dar um beijo, um abraço, de gritar, mas só consegui mesmo olhar feito uma louca, o suficiente para ele olhar estranho para mim.
"Hei, mãe, isso faz muito tempo".



Comentários

Postagens mais visitadas