O Estado de Tocantins e o fim do jornalismo
O caso é interessante, nestes tempos de previsão do fim do jornalismo impresso e do fim da obrigatoriedade do diploma de jornalista (olha aí o tema que eu não ia tratar aqui, mas que voltou com tudo)".
O Estado de Tocantins é um jornal relevante no estado em que é publicado e foi envolvido nas últimas semanas numa situação no mínimo reveladora. A jornalista Cecília Santos copiou, colou e assinou pelo menos dois textos escritos por outras pessoas na internet, que acabaram publicados nas páginas do jornal.
O primeiro caso foi uma resenha do filme Transformers 2, escrita por Marcelo Hessel e publicada no site Omelete no dia 19 de junho. Pouquíssimas alterações na versão impressa na capa do caderno de cultura do jornal, em 25 de junho, que está pra quem quiser ver no site Comunique-se. Aliás, lá esta acontecendo um debate interessante sobre o tema, muita gente defende a jornalista dizendo que todos cometem erros. O editor do jornal usa como justificativa a inexperiência da repórter. Bem...
O segundo caso foi um texto publicado por Hector Lima no blog Goma de Mascar. Um texto pra lá de pessoal sobre a morte de Michael Jackson, em que ele começa com a frase "esse é um texto opinativo, pessoal, subjetivo e parcial. já entre sabendo", a mesma que virou a cabeça da matéria publicada na capa do mesmo caderno de cultura dO Estado de Tocantins, com pequenas alterações de gênero, já que a Cecília é menina. Segundo Hector, a jornalista disse que foi culpa do editor do jornal, que acabou assumindo a responsabilidade também. Hector também publicou no Goma outros plágios cometidos pelo jornal nos últimos meses: do Chic, do Terra, além do caso do Omelete.
O que pensar disso tudo? O editor do jornal disse ao Comunique-se que a credibilidade do jornal foi posta em xeque (quando se sabia de apenas um episódio desta novela). A inexperiência da repórter justifica mesmo o erro?
Alberto Dines afirmou, assim que o STF aprovou o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, que a decisão foi um equívoco porque "nas escolas de jornalismo os futuros profissionais são treinados por professores de ética e legislação e sabem perfeitamente até onde podem ir". Pelo que seu editor afirmou, Cecília acabou de ser formar. Como é possível (lendo Dines) que ela não saiba que copiar texto alheio e assinar, além de ser "antiético", é crime?
Ética não é coisa que se ensine em escola. Ou se é ético, ou não. Aliás, o que chamamos de antiético, na verdade deveria ser chamado de imoral, pois ética é algo individual e não pode ser medido pelo grupo social. Tá, são conceitinhos de filosofia aplicada, mas os tais códigos de ética deveriam ser chamados de códigos morais, porque a moral é social, a ética é do indivíduo, então não há como ser antiético, a não ser que você traia os próprios princípios...
Então, a jornalista foi antiética (ou imoral) ou apenas cometeu um erro? Fico perturbada com a apropriação da propriedade intelectual do outro, claro. Mas aqui outra coisa é revelada: os jornais não querem mais investir na produção de informação. Se é culpa do editor, ou o editor simplesmente não demite a jornalista depois de descobrir, é porque ele obtém conteúdo barato para sua empresa. Em tempos de informação sobrando, os jornais começam a reciclar conteúdo de outros meios, pois não querem gastar com conteúdo original. Daí se aceita, ou se incentiva, a apropriação de textos alheios.
E O Estado de Tocantins não é o único caso de conteúdo barato no jornalismo impresso. Uma "revolução gráfica" está invandindo as redações e os jornais estão se tornando grandes pôsteres de infográficos que passam informações que serão esquecidas em segundos. Nada de relevante é dito.
Então por que ler a Cecília neste folhetim apropriador de idéias alheias, se eu posso ir na fonte e ler textos que me façam pensar na internet mesmo? Se os jornais não trazem nada de novo, nem me fazem ver um ponto de vista novo sobre o que quer que seja, para que eles servem?
Fecha esse jornal e vai ler um livro!
O Estado de Tocantins é um jornal relevante no estado em que é publicado e foi envolvido nas últimas semanas numa situação no mínimo reveladora. A jornalista Cecília Santos copiou, colou e assinou pelo menos dois textos escritos por outras pessoas na internet, que acabaram publicados nas páginas do jornal.
O primeiro caso foi uma resenha do filme Transformers 2, escrita por Marcelo Hessel e publicada no site Omelete no dia 19 de junho. Pouquíssimas alterações na versão impressa na capa do caderno de cultura do jornal, em 25 de junho, que está pra quem quiser ver no site Comunique-se. Aliás, lá esta acontecendo um debate interessante sobre o tema, muita gente defende a jornalista dizendo que todos cometem erros. O editor do jornal usa como justificativa a inexperiência da repórter. Bem...
O segundo caso foi um texto publicado por Hector Lima no blog Goma de Mascar. Um texto pra lá de pessoal sobre a morte de Michael Jackson, em que ele começa com a frase "esse é um texto opinativo, pessoal, subjetivo e parcial. já entre sabendo", a mesma que virou a cabeça da matéria publicada na capa do mesmo caderno de cultura dO Estado de Tocantins, com pequenas alterações de gênero, já que a Cecília é menina. Segundo Hector, a jornalista disse que foi culpa do editor do jornal, que acabou assumindo a responsabilidade também. Hector também publicou no Goma outros plágios cometidos pelo jornal nos últimos meses: do Chic, do Terra, além do caso do Omelete.
O que pensar disso tudo? O editor do jornal disse ao Comunique-se que a credibilidade do jornal foi posta em xeque (quando se sabia de apenas um episódio desta novela). A inexperiência da repórter justifica mesmo o erro?
Alberto Dines afirmou, assim que o STF aprovou o fim da obrigatoriedade do diploma de jornalismo, que a decisão foi um equívoco porque "nas escolas de jornalismo os futuros profissionais são treinados por professores de ética e legislação e sabem perfeitamente até onde podem ir". Pelo que seu editor afirmou, Cecília acabou de ser formar. Como é possível (lendo Dines) que ela não saiba que copiar texto alheio e assinar, além de ser "antiético", é crime?
Ética não é coisa que se ensine em escola. Ou se é ético, ou não. Aliás, o que chamamos de antiético, na verdade deveria ser chamado de imoral, pois ética é algo individual e não pode ser medido pelo grupo social. Tá, são conceitinhos de filosofia aplicada, mas os tais códigos de ética deveriam ser chamados de códigos morais, porque a moral é social, a ética é do indivíduo, então não há como ser antiético, a não ser que você traia os próprios princípios...
Então, a jornalista foi antiética (ou imoral) ou apenas cometeu um erro? Fico perturbada com a apropriação da propriedade intelectual do outro, claro. Mas aqui outra coisa é revelada: os jornais não querem mais investir na produção de informação. Se é culpa do editor, ou o editor simplesmente não demite a jornalista depois de descobrir, é porque ele obtém conteúdo barato para sua empresa. Em tempos de informação sobrando, os jornais começam a reciclar conteúdo de outros meios, pois não querem gastar com conteúdo original. Daí se aceita, ou se incentiva, a apropriação de textos alheios.
E O Estado de Tocantins não é o único caso de conteúdo barato no jornalismo impresso. Uma "revolução gráfica" está invandindo as redações e os jornais estão se tornando grandes pôsteres de infográficos que passam informações que serão esquecidas em segundos. Nada de relevante é dito.
Então por que ler a Cecília neste folhetim apropriador de idéias alheias, se eu posso ir na fonte e ler textos que me façam pensar na internet mesmo? Se os jornais não trazem nada de novo, nem me fazem ver um ponto de vista novo sobre o que quer que seja, para que eles servem?
Fecha esse jornal e vai ler um livro!
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